Certa vez, Warren Buffett, investidor e filantropo americano, disse que o risco vem de não saber o que está fazendo.
Não podemos discordar de Buffett.
Conhecer os modelos de análises de ações, assim como analisá-los de forma conjunta, torna a capacidade de decisão do investidor mais assertiva e menos propensa ao erro.
Afinal,
Regra número um: nunca perca dinheiro; Regra número dois: não esqueça a regra número um.
Entre balanços e gráficos, uma busca por respostas
quando o investidor se debruça sobre os balaços contábeis ou fixa os olhos em gráficos de ponta-figura, o objetivo é o mesmo: descobrir qual ativo vender ou comprar.
Qual a melhor oportunidade? Qual papel pode proporcionar o lucro que buscado? Qual ativo
manter na carteira pelos próximos 10 anos? Qual ativo vender até o final do pregão?
Boas perguntas precisam de boas respostas. O investidor inteligente busca as respostas nos modelos de avaliação.
Mas o que são modelos de avaliação?
Modelos de avaliação são ferramentas que permitem ao investidor projetar o comportamento futuro das ações, formulando previsões com base nas variações de seus preços no mercado.
Quando falamos sobre modelos de avaliação, dois critérios de análise são estudados: análise fundamentalista e análise técnica. Ambos os modelos de avaliação, quando usados em conjunto pelo investidor, proporcionam tomadas de decisões mais inteligentes.
A análise fundamentalista
Para os analistas fundamentalistas há sempre um preço justo para cada ação e ele é baseado no desempenho econômico da empresa.
Quando analisamos o ativo sob a ótica da análise fundamentalista estamos realizando um estudo entre empresas do mesmo setor, setores diferentes e análises conjunturais, levando em consideração as variáveis econômicas internas e externas da empresa.
Na análise fundamentalista utilizamos os fluxos de caixa descontados e a avaliação relativa com múltiplos comparativos, também chamados de indicadores fundamentalista.
E o que são os indicadores fundamentalistas?
Os indicadores fundamentalistas são ferramentas de grande utilidade para o investidor. Eles são obtidos de fatos macro e microeconômicos e através dos indicadores o investidor pode analisar a rentabilidade e desempenho da empresa estudada.
Confira os sete indicadores fundamentalistas que todo investidor deveria conhecer antes de analisar uma ação.
7 indicadores fundamentalistas que todo investidor deveria usar (e como usá-los)
1 – ROE (Retorno Sobre o Patrimônio Líquido)
Do inglês, Return on Equity, o indicador ROE possibilita que o investidor identifique o quanto a empresa é capaz de gerar de lucro líquido em relação ao seu patrimônio.
Muito útil, não?
O ROE é dado em uma simples expressão matemática.
ROE = LUCRO LÍQUIDO ÷ PATRÍMONIO LÍQUIDO
Para entendê-lo melhor, vamos a um exemplo prático:
Os demonstrativos de resultados da Embraer (EMBR3), fabricante de aviões comerciais executivos, agrícolas e militares, nos fornecem os números necessários para o cálculo do ROE.
ROE = -3.616.010.000 ÷ 14.687.500.000
ROE = -24,6%
ROE negativo, positivo e ideal
Em alguns casos, como o da Embraer, o ROE é negativo. A métrica em sua forma negativa significa que a empresa é consumidora de caixa e não obteve lucro no período analisado (nesse caso, nos últimos 12 meses).
O ROE também assume valores positivos, como o caso da AmBev (ABEV3), produtora de bebidas, cujo o ROE é de 15,4%. Casos como o da AmBev são os ideais.
O Return on Equity ideal gira em torno de 15% ao ano, ou seja, a empresa gera 15 centavos de novos ativos para cada real investido originalmente pelos acionistas.
2 – P/L (Preço/Lucro)
O P/L é um múltiplo muito utilizado quando o investidor busca uma comparação entre as ações mais promissoras no mercado.
O índice, embora muito utilizados pelos investidores, possui certas limitações, por exemplo, estudos mostram que a eficiência do indicador é útil quando consideramos períodos de análise inferior a um ano.
Embora tenha as suas limitações – e é importante que o investidor não o use de forma isolada nas suas análises – ele cumpre bem o objetivo de mostrar o número de anos que o investidor levaria para reaver a quantia investida na compra de uma ação.
Matematicamente o cálculo não exige muito do investidor. Para realizá-lo basta dividir o preço da ação pelo lucro por ação.
P/L = PREÇO DA AÇÃO ÷ LUCRO POR AÇÃO
Mas como avaliar o resultado?
Para exemplificar, vamos usar como exemplo um P/L igual a 10 e outro com valor igual a 7.
Teoricamente, a ação com o P/L igual a 10 estaria mais cara. Contudo, aqui cabe ressalvas. O P/L alto pode levar o investidor a duas hipóteses: a ação está supervalorizada ou o mercado de grandes expectativas com o ativo.
Um P/L baixo pode levar o investidor a concluir que naquele momento a ação pode ser um bom negócio se as perspectivas de crescimento da empresa forem favoráveis.
Entretanto, o investidor também pode interpretar o P/L baixo como um sinal de que a empresa não conseguirá gerar lucros, e, portanto, o mercado já perdeu o interesse na empresa.
3 – DY (Dividend Yield)
Para alguns investidores receber os famosos dividendos é tão importante quanto comprar na baixa e vender na alta. Embora essa não seja a única forma de remuneração do investidor ao comparar uma ação – lembre-se dos Juros Sobre Capital Próprio – o lucro com os dividendos é um fator chamativo para o investidor de longo prazo que busca o recebimento de proventos.
Para saber quais ações são boas pagadoras de proventos, o investidor faz uso do Dividend Yield ou rendimento de dividendos em português.
Com base nesse indicador fundamentalista, o investidor pode estabelecer uma relação básica entre os dividendos distribuídos ao longo de 12 meses e o preço atual da ação analisada.
Como assim?
Simples, ao calcular o DY de uma ação, o investidor terá uma ideia de quanto a empresa pagará em proventos nos próximos 12 meses, analisando o que foi pago no mesmo período anterior.
E como calcular?
O calculo do DY é simples.
DIVIDEND YIELD = (VALOR DOS PROVENTOS POR AÇÃO ÷ COTAÇÃO DA AÇÃO) × 10
Mas como o investidor deveria interpretar o resultado do DY?
Os investidores que buscam empresas com foco no pagamento de proventos, devem manter os olhos abertos para DY com valores altos. Explico:
Note que existe uma relação inversamente proporcional entre o DY e o preço da ação, portanto, quando o preço cai, o DY aumenta. Logo, quanto maior o DY, melhor para o investidor.
4 – P/VPA
P/VPA, ou Preço por Valor Patrimonial por Ação, é outro indicador de grande importância para os investidores.
Mas o que é o VPA?
O denominador é a relação entre o patrimônio liquido e o número de ações no mercado. O P/VPA é expresso de forma simples, assim como outros indicadores fundamentalistas.
P/VPA = PREÇO DA AÇÃO / VALOR PATRIMONIAL POR AÇÃO
E como analisá-lo?
Valores baixos de P/VPA são considerados os mais desejados, pois a cotação da ação, teoricamente, estaria abaixo do seu volume patrimonial.
5 – EBITDA
Se você já se aventurou pelos termos do mercado financeiro, certamente já se deparou com o EBITDA. O termo vem do inglês, Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, ou em tradução livre, Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização, ou simplesmente LAJIDA.
Para facilitar, o chamaremos de EBITDA, simplesmente.
Mas o que exatamente esse indicador mostra para o investidor?
O EBITDA é certamente um dos indicadores mais utilizados pelos investidores nas análises de empresas. Com ele o investidor pode enxergar o quanto a empresa analisada gera de dinheiro com a sua atividade principal.
E como calcular o EBITDA?
EBITDA = LUCRO OPERACIONAL LÍQUIDO (EBIT) + DEPRECIAÇÕES + AMORTIZAÇÕES
Contudo, antes de calcular o EBITDA, precisamos de outro indicador fundamentalista, o EBIT.
EBIT, ou Earnings Before Interest and Taxes, ou em tradução livre, Lucro Antes dos Juros e Tributos, é um índice que permite que o investidor saiba o lucro operacional da empresa, sem incluir as despesas ou receitas financeiras.
O EBIT é de suma importância para o cálculo do EBITDA. Sua expressão matemática também não exige muito do investidor.
EBIT = RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS – CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS – DESPESA
OPERACIONAIS
Com o EBIT em mão o investidor já pode voltar para o cálculo do EBITDA.
6 – LPA (LUCRO POR AÇÃO)
LPA é um indicador que complementa o P/L. Para obtê-lo o investidor deve dividir o lucro líquido da empresa, em determinado período, pela quantidade de ações comercializadas (ordinárias e preferenciais).
LPA = LUCRO LÍQUIDO ÷ QUANTIDADE DE AÇÕES COMERCIALIZADAS
Vamos analisar o LPA da Arezzo (ARZZ3), empresa com foco na produção de calçados femininos.
LPA = 48.584.000,00 ÷ 99.631.000,00
LPA = 0,49
Mas o que exatamente esse indicador mostra para o investidor?
O LPA mostra o montante em dinheiro gerado em lucro (ou prejuízo) em um período determinado de tempo para cada ação (ou lote de ações) emitida.
Com ele, o investidor pode enxergar se a empresa está dando lucro ou prejuízo aos acionistas e até mesmo fazer comparações entre empresas do mesmo setor. Na teoria, quanto maior o LPA, melhor.
LPA negativo
Em suas análises o investidor pode se deparar com um LPA negativo. Quando o indicador assume valores negativos, significa que a empresa está operando com margens baixas, portanto tendo prejuízos.
7 – FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO
Quando precisamos que a nossa saúde seja avaliada, vamos até um médico. Quando precisamos avaliar a saúde financeira de uma empresa, vamos até os indicadores fundamentalistas e utilizamos o fluxo de caixa líquido.
Com o fluxo de caixa liquido, o investidor pode analisar quanto de dinheiro entrou na empresa em determinado momento estudado.
O cálculo do fluxo de caixa líquido é simples.
FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO = (PAGAMENTOS – RECEBIMENTOS NO PERÍODO) + SALDO INICIAL
DE CAIXA
O fluxo de caixa líquido pode assumir dois valores, podendo ser negativo ou positivo. E qual a
diferença?
O valor positivo de um fluxo de caixa significa que o a empresa tem capacidade de gerar caixa
de forma líquida. Já um valor negativo indica sobre a falta de recursos da empresa.
O fluxo de caixa líquido é de grande importância para saber se a empresa terá problemas
financeiros ou não.
Funcionamos melhor juntos!
Os indicadores fundamentalistas são ferramentas essenciais para todos os investidores. Entretanto, usá-los de forma isolada pode ser um erro. Portanto, para tomadas de decisão mais assertivas, use-os de forma conjunta.